sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O Recobro

Acordei... e a sensação foi aquela do "onde raios estou eu" e "que é esta coisa no meu nariz?!"....

Dei por mim numa outra sala... a do recobro pós-operatório, muito provavelmente. Não sei que horas são. A enfermeira está ao meu lado, provavelmente ter-me-á despertado do meu sono.

Estou mole... estranha, não sei. Querem que use uma arrastadeira para libertar a urina... mas aquilo não é pacífico. E só consigo pensar no raio da sonda enfiada pelo nariz abaixo.

Se há algo a lamentar neste procedimento cirúrgico é a sonda. 

Devo ter ficado uma hora alí até ser transportada para o meu quarto. A cama em que estava era a mesma em que tinha sido levada. 

Não me recordo muito desse dia a não ser que estava muito desconfortável e só pensava em retirar a sonda do nariz. Mas o mal era necessário, pelo que e de acordo com o conselho da enfermeira, o melhor era tentar ignorar o maldito tubo.

Passei a noite deitada de costas, numa posição em que normalmente não durmo. Queria ir à casa de banho, mas não nos deixam levantar da cama. Volta e meia lá pedia a arrastadeira... mas não dava muito resultado.

Conclusão: tinha agora uma bela coleção de furos na barriga. Quatro no total. E ainda o dreno... aquele saquinho por onde vai saindo vestígíos de sangue e outros flúidos.

A Operação



Acordei com um flash de luz sobre mim... 

Eram seis da manhã quando a enfermeira me acordou para colocar um cateter na mão esquerda. 

Deixaram-me umas toalhas na cama com uma esponjas e indicaram-me que deveria tomar banho e vestir a bata da operação. E assim foi... fui para a casa de banho, tentar apanhar uma chuveirada com o cuidado de não molhar o cateter.

Vesti aquela fantástica bata azul (sim... aquela que deixa o rabo à mostra), umas cuecas descartáveis e uma touca. Voltei para o quarto e lá colocaram-me a soro. E esperei...

Acabaram por me ir buscar mais cedo do que esperava, por volta das 9:00h. Fui levada na minha própria cama até à unidade operatória, onde tive que passar para uma maca, e depois fui para a "sala de espera das macas" onde se fica a aguardar até irmos para o bloco. Encontrei lá a outra senhora com quem partilhava o quarto.

Entretanto veio o anestesiologista cumprimentar e confirmar os dados que estão na pasta do paciente. Despois a enfermeira da anestesia e por fim um dos médicos cirurgiões internos. Não tenho bem noção do tempo que ali estive... talvez 15 minutos, até que me levaram para o bloco operatório.

A sala é aquela que tipicamente imaginamos das séries de televisão... cheias de apetrechos e máquinas e a iluminação circular que recorda a sala do dentista.

Mudei novamente da maca para a mesa de operações... ajustaram todos os equipamentos e calçaram-me umas meias-liga daquelas que suportam o peso de um camião de reboque. São tão díficeis de calçar que já vêm previamente colocadas numa armação metálica que facilita o processo.

A um canto da sala estavam sentados os médicos, internos e assistentes... nalguma espécie de transe pré-operatório. 

Entretanto devem ter-me anestesiado... porque já não me lembro de mais nada.

O Internamento



Numa manhã de Agosto recebi uma chamada do hospital a informar-me que dali a uma semana deveria apresentar-me no hospital para ser submetida a uma cirurgia de redução de estômago.

Todos aqueles que decidam recorrer a este tipo de solução, devem ter em conta que existe todo um procedimento prévio à cirúrgia, bastante prolongado no tempo. No meu caso, desde a primeira consulta com o médico até à realização da cirúrgia, passaram-se aproximadamente 3 anos.

Entrei no hospital numa quarta feira de tarde. Já tinha jantado, tal como me haviam dito para fazer.
Dirigi-me à receção para levantar um cartão que me permitia entrar na ala de internamento. Despedi-me da minha família e amigos e abri as portas para aquele que seria o ínicio desta aventura.

No balcão da unidade de internamento, encontrei um enfermeiro que me encaminhou para aquele que seria o meu quarto. As instalações do hospital são recentes e dispõe de todos os confortos necessários ao paciente. Ainda assim tive que dividir quarto com outra paciente que também seria submetida a uma cirúrgia bariátrica.

Deixei as minhas coisas no armário, vesti o meu pijama e sentei-me no cadeirão para ver televisão. Entretanto as auxiliares trouxeram-me uma sopa, bastante insosa por sinal, e mais tarde um chã de tília. O jejum começou às 23.00h.

A operação seria na manhã seguinte.